sexta-feira, 24 de julho de 2009

Na estrada de Damasco


Retiro de Doentes em fátima (13-Junho-2009)


“Fui alcançado, agarrado, apanhado por Cristo” (Fl. 3, 12)
“Cristo nunca falha. Se da nossa parte houver correspondência, somos casa fundada sobre rocha inabalável” (Mt. 7, 24-25).
Agora eu é que corro atrás dele para O alcançar” (Fl. 3, 12)
“Um Religioso perguntou ao seu abade: “Por que motivo algumas pessoas consagradas, depois de terem seguido a Cristo durante anos, acabam por desistir?”
O velho mestre respondeu: “ já reparas-te no que sucede quando um cão de caça avista uma lebre? Desata a ladrar e a correr e os outros cães, ao ouvi-lo, fazem outro tanto em perseguição da lebre. Esta, porém, troca-lhes as voltas, esconde-se e perdem-na de vista: então cansam-se, ficam para trás, põem-se a brigar uns com os outros, e desistem. Só os que vêem a lebre continuam a persegui-la até a apanhar. O mesmo se passa com os seguidores de Cristo, só os que mantêm o olhar fixo nele é que não deixam de “correr” e de “ladrar”, ou seja, de pular atrás dele com alegria e O seguem até ao fim.” (Fonte: Abílio Pina Ribeiro (Claretiano), Correr para a Meta (Fl. 3, 4-14), Bíblica, Janeiro – Fevereiro 2009, nº 32, p. 31)

SOFRIMENTO ?





Angiolino Bonetta

“A doença revelada pelo exame bioscópico – confirmam-no mais tarde os médicos com bem diferente delicadeza – é um sarcoma ósseo, um cancro maligno incurável.” (p. 13)

“Porquê entristecer-se com o sofrimento? Junto a cada cruz está a Imaculada! … “No reino do amor não há planícies: ou se desce ou se sobe!” … “Não te deves contentar com o que és, procura sempre ser melhor. O não aspirar aos cumes significa voltar ao fundo do vale!” (p. 19)

“Até agora eu pedi a cura. A partir deste momento pedirei somente a graça de fazer-me santo!” (p. 27)

“Eu Angiolino Bonetta, na presença da Santíssima Trindade, sob o olhar da Imaculada e de S. José Seu fiel Esposo e diante dos Santos Patronos o Arcanjo S. Miguel e os Santos Bernardo e Bernardette, pronuncio por um ano os votos de castidade, pobreza e obediência, segundo o Estatuto dos Silenciosos Operários da Cruz, consagrando-me inteiramente à Virgem Imaculada com o propósito de atingir a minha santificação mediante a valorização do sofrimento.
Prometo, além disso, empenhar-me com todas as minhas forças, na difusão das mensagens dirigidas à humanidade pela Virgem bendita em Lourdes e em Fátima. Ajude-me a Senhora, medianeira de todas as graças, a realizar fielmente o meu programa para a maior glória de Deus, para a Sua honra, para a minha santificação”. (p. 29)

“Agora sei tudo. Mons. Novarese explicou-me todas as coisas sobre a minha doença. Mas estou tranquilo. Estou feliz. Agora pertenço aos Silenciosos Operários da Cruz. Sou todo de Nossa Senhora: da cabeça aos pés!” (p. 30)

“Eu sabia quando ele sofria tanto – diz a mãe – porque (até se calava e procurava escondê-lo) ficava com pele de galinha. Então eu dizia-lhe: “Angiolino, dá-te uma injecção!”. Tinha aprendido sozinho a dar-se as injecções de morfina. Mas ele respondia: “Esperemos algum tempo, mãe. Posso ainda oferecer alguma coisa pelos pecadores. E depois os médicos recomendaram-me para não me habituar demasiado à morfina”. (p. 33)

“Fiz um pacto com Nossa Senhora. Quando for a hora… virá ela buscar-me! Pedi-lhe para passar o purgatório neste mundo, não no outro. Quando morrer voarei imediatamente para o Paraíso!”. (p. 36)

Hoje, sobre a lápide branca do lóculo onde jaz, em caracteres azuis – a cor do Céu – está escrito simplesmente: “Angiolino Bonetta – 18-9-1948 / 28-1-1963 – Silencioso Operário da Cruz – alegremente sofri – para reparar os pecados – e salvar almas”. (p. 37)

A sua causa de Beatificação está confiada ao Pe. Luca De Rosa, Postulador da Ordine dei Frati Minori, e tem já o nada-obsta do Arcebispo de Bréscia, Mons. Bruno Foresti. (p. 38)

Moscone, Felice, 1996. Angiolino Bonetta “Sou todo de Nossa Senhora: da cabeça aos pés!”, Silenziosi Operai della Croce, Tipografia: Instituto Salesiano Pio XI, Roma. (www.chiesacattolica.it/cvs)


SÃO JOSÉ


Como sois imenso na doação, no cumprimento e no acolhimento da vontade de Deus. Que Santo exemplo, que caminho magnífico meu querido São José. Tão pouco se fala de vós, como sois o pai nutrício / adoptivo de Deus – Filho. Como viveste, amaste e acolheste O Cristo Jesus, que veio até nós. Que imagem de Pai, que amor pelo vosso Filho de Deus, porque aceitas-te o cumprimento da vontade do Pai, aceitas-te a castidade e a virgindade, a entrega de vida, para que Deus – Filho viesse viver entre nós, na vossa e nossa casa, para que se cumprisse o plano Salvador de Deus – Amor para nós.
Peço-vos meu doce São José, que me ajudeis e nos ajudeis, a seguirmos o vosso exemplo de acolhimento a Cristo na nossa vida, para que O aceitemos e com Ele vivamos para Deus e em Deus.
Como o mundo precisa de olhar para vós e ver o vosso exemplo de graça, de entrega e abandono nas mãos de Deus.
Amigo e meu pai São José, peço-vos que intercedas a Deus Nosso Pai por mim e por todos nós, para que aceitemos o trabalho digno e humilde de construirmos um mundo melhor, através do nosso empenho e exemplo de instrumentos nas mãos de Deus.
São José intercedei por nós junto de Cristo, para que não nos falte o trabalho (emprego) digno, que nos ajuda na construção de um mundo melhor, para ganharmos o pão de cada dia com a graça de Deus e colaborarmos na construção de um mundo mais humano e alegre.
Amigo São José, que acolheste a Virgem Maria mãe de Cristo. Acolhes-te e dedicaste-vos com todo o amor à vossa família. Peço-vos pela minha família e por todas as famílias, para que sigam o vosso exemplo de união à vontade de Deus – Pai, para que acolham os filhos que Deus lhe enviar, como vós acolhes-te o Filho de Deus, para que a minha família e todas as famílias acolham e sigam a vontade de Deus – Pai de Amor imenso, deixando-se guiar e conduzir pelo Divino Espírito Santo, que tudo faz para que vivamos alegres e tenhamos vida verdadeira.
Dou-vos graças e bendigo-vos querido pai São José, fazei com que sigamos o vosso exemplo.

Segredo de Fátima




quarta-feira, 1 de julho de 2009

PENSAMENTOS DE SÃO BOAVENTURA







PENSAMENTOS DE SÃO BOAVENTURA
Fonte: http://coracaomistico.blogspot.com/2007/12/so-boaventura.html (26-Mar-2009)

"A abundância dos bens temporais é um impecilho para a alma, impedindo-a de voar para Deus".

"Mais segura e humilde está a alma no ouvido do que na língua".

"A ciência que por amor da virtude se despreza, pela virtude se adquire melhor".

"Se eu nada mais puder fazer, meu Jesus, procurarei vossas chagas e aí permanecerei".

"Se quereis progredir no amor de Deus, meditai todos os dias na paixão do Senhor".

"Interroga a graça, não a doutrina; o desejo, não o intelecto; o gemido da oração, não o estudo do que vê; o esposo, não o mestre; Deus, não o homem; a fuligem não a clareza; não a luz, mas aquele fogo que tudo penetra com sua chama e reporta a Deus com excessivas unções e com ardentíssimos afectos".

"A Missa é a obra na qual Deus coloca sob os nossos olhos todo o amor que ele nos teve: é de certo modo, a síntese de todos os benefícios que ele nos fez".

"Ó Jesus, trespassaram vosso lado para nos abrir uma porta; feriram vosso coração para nos abrir nessa sagrada vinha, um asilo seguro de toda perturbação externa".

"Não basta a leitura sem a unção, não basta a especulação sem a devoção, não basta a pesquisa sem maravilhar-se; não basta a circunspecção sem o júbilo, o trabalho sem a piedade, a ciência sem a caridade, a inteligência sem a humildade, o estudo sem a graça".

"Cada sacerdote no altar deveria ser inteiramente identificado com Nossa Senhora, porque como por meio dela é que nos foi dado este Santíssimo Corpo, assim é pelas mãos dela que Ele deve ser oferecido a nós".

"Todas as coisas criadas são sombras, ecos, imagens ou semelhanças de Deus, que é a Causa Primeira de todas as coisas"

"Já que toda a natureza divina esteve nas entranhas da Santíssima Virgem, não duvido dizer que em toda distribuição de graças tem certa jurisdição essa Virgem, de cujas entranhas como de um oceano da divindade, emanam os rios de todas as graças"

"Pela oração se obtém todos os bens e a libertação de todos os males".

"Assim como o rei julgaria traidor o capitão, que sitiado em uma praça, não lhe pedisse socorro, assim Deus considera traidor aquele que, vendo-se assaltado pelas tentações, a Ele não recorresse pedindo auxílio".

"É pobre quando nasce, mais pobre durante a vida, pobre em extremo quando morre sobre a cruz".

"Morramos, pois, e entremos nas trevas; imponhamos silêncio às solicitudes, às concupiscências aos fantasmas; passemos com Cristo crucificado deste mundo ao Pai".

"Segundo os seis graus da ascenção a Deus, são as seis potências da alma, pelas quais ascendemos do último ao sumo, do exterior ao interior, do transitório ao eterno: os sentidos, a imaginação, a razão, o entendimento, a inteligência e o ápice da mente, ou a centelha da consciência. Esses graus, nós os temos em nós, plantados na natureza, deformados pela culpa, reformados pela graça, e devemos purificá-los com a justiça, praticá-los com a ciência, aperfeiçoá-los com a sabedoria".

"Quando uma alma olha para Deus toda a natureza lhe parece insignificante".

"O puríssimo Coração de Maria foi o Horto e Paraíso do Espírito Santo, jardim de delícias em que viceja toda a sorte de flores e se aspira toda a fragrância das virtudes... Ó Coração de amor, porque te converteste em esfera de dor? Contemplo, Senhora, o Teu Coração e nele vejo, não o coração mas a mirra, o absinto e o fel! Ó vulnerada Senhora, fere também os nossos corações! Porque não possuo ao menos o Teu Coração, para que, aonde quer que eu vá, Te veja sempre crucificada com Teu Filho!"

"A santa Missa tem tantas maravilhas quantas são as gotas de água no oceano, os grãozinhos de poeira no ar, as estrelas no firmamento, e os Anjos no céu. Nela se operam, quotidianamente, tantos mistérios que não sei se, em tempo algum, a mão onipotente de Deus fez obra melhor e mais sublime".

“Deus não comunica vida à alma nem a ela se une (...) a não ser que ela se aqueça com o desejo da pátria celeste e do próprio Amado”.

São Boaventura escreveu ainda...


Escreveu ainda sobre a Virgem Maria:
"Se o meu Redentor, por causa de meus pecados, me mandasse para longe de si, lançar-me-ia aos pés de Maria, e, aí prostrado, não me levantaria sem que ela me tivesse alcançado o perdão".

No ano seguinte, o Papa Gregório chamou-o para escrever a agenda do 14º Concílio Geral em Lyon e para discutir a reunião de Roma com as Igrejas do Leste. São Tomás de Aquino morreu a caminho do Concilio.
São Boaventura foi a figura mestre e conseguiu o sucesso do Concílio e com isto ele também escreveu o último capítulo das Regra da Ordem entre a terceira e a quarta sessão. São Boaventura veio a falecer enquanto o Concilio de Lyon ainda estava em sessão e foi enterrado em Lyon.
A reputação de São Boaventura é baseada na sua bondade pessoal, seu notável conhecimento e brilhante raciocínio como teólogo. Alguns julgam que ele estaria "iluminado" pelo Espírito Santo.

"Com ele parece que até Adão não havia pecado" escreveu Alexandre de Hales, e quando ele morreu a "Ata Oficial do Concilio" diz: "Nesta manhã morreu o irmão Boaventura de famosa memória, homem de notável santidade, bondade, homem piedoso, afável, misericordioso, e repleto de virtudes e amor ao Deus e ao homem... Deus deu a ele a graça de que todas as pessoas que com ele convivessem, o respeitavam e o amavam".

Embora São Boaventura e São Tomás de Aquino fossem amigos por uma vida, os dois homens opunham-se em certas questões como o neo-aristotelismo, que estava sendo introduzido na teologia por Aquino. São Boaventura temia que como resultado, a filosofia fosse elevada acima da teologia e que a razão ficasse mais importante que a revelação.
Dizia São Boaventura "um pobre e velho homem pode amar a Deus mais que um Doutor em Teologia".

QUEM FOI SÃO BOAVENTURA




São Boaventura de Bagnoregio, O.F.M. - Doutor da Igreja (Doctor Seraphicus)
Nascimento: 1217 ou 1221 em Bagnoregio, Itália
Falecimento: 15 de Julho de 1274 em Lyon, França
Canonizado: 14 de Abril de 1482, Roma por: Papa Sisto IV, O.F.M.
Festa litúrgica: 15 de Julho
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A3o_Boaventura (26-Mar-2009)

Escreveu ele: "Não basta a leitura sem a unção, não basta a especulação sem a devoção, não basta a pesquisa sem maravilhar-se; não basta a circunspecção sem o júbilo, o trabalho sem a piedade, a ciência sem a caridade, a inteligência sem a humildade, o estudo sem a graça".

São Boaventura, antes de se destacar como santo bispo, já chamava a atenção pela sua cultura e ciência teológica, por isso ao lado de Santo Alberto Magno e Santo Tomás de Aquino, caracterizaram o século XIII como o tempo de sínteses teológicas.

Certa vez, um frei lhe perguntou se poderia salvar-se, já que desconhecia a ciência teológica; a resposta do santo não foi outra: "Se Deus dá ao homem somente a graça de poder amá-Lo isso basta... Uma simples velhinha poderá amar a Deus mais que um professor de teologia".

Morreu na graça de Deus no dia 15 de Julho de 1274, sendo depois proclamado Doutor da Igreja, sob o nome de "Doctor Seraphicus", em 1588 pelo Papa Sixto V.

São Boaventura foi um dos maiores representantes do augustinismo filosófico e teológico, que permanece como sinal típico da escola franciscana. Embora as vociferações eruditas, em contrário, de Fernand Van Steenberghen, houve, sem dúvida esse augustinismo caracterizado, principalmente, pelas seguintes teses:
– a Filosofia está subordinada à Teologia;
– além do conhecimento sensorial, o homem é dotado de inteligência que recebe um influxo especial de Deus, uma luz que lhe permite conhecer as verdades eternas. É a teoria da Iluminação;
– o Bem precede a Verdade, e a Vontade antecede a Inteligência;
– no homem, a alma e o corpo são duas substâncias completas, unidas apenas acidentalmente, como o cavalo está ligado ao cavaleiro;
– num ente composto e, portanto, no homem, não existe só uma forma substancial, mas uma pluralidade de formas, e nisso não vai a mão de Agostinho, mas o influxo de Avicena, como o demonstrou Gilson (particularmente nos estudos: Les Sources Greco-arabes de L’augus-tinisme Avicennisant, Paris, Vrin, 1981, e Avicenne en occident au Moyen Age, in Études Médiévales, Paris: Vrin, 1983);
– ao criar o mundo material, Deus nele colocou as formas seminais de todas as coisas, rationes seminales;
– os próprios entes imateriais criados, os anjos, são compostos de matéria e forma.
Fonte: http://www.hottopos.com/videtur15/ruy.htm (26-Mar-2009)

Em suma,
São Boaventura é sobretudo teólogo e pensador cristocêntrico. Jesus Cristo para ele é o mestre de todos, o meio de todas as ciências. E como os filósofos pagãos não conheceram Jesus Cristo, a porta da verdade está fechada para eles, ostium est eis clausum (3ª Conferência sobre o Hexaêmeron, 4). Estou com A.D. Sertillanges, em sua genial obra Le christianisme et les philosophies. (2e. Édition, T.I, Paris, Aubier, p. 360-5).
São Boaventura foi um grande filósofo, pessoalmente, por ter construído um monumento doutrinal completo e notável, a partir dos princípios de ser e do saber, tal como ele os compreendia, isto é, em ligação com o sobrenatural e em função da fé. Soube unificar o saber e interpretar o real. Todavia, a “filosofia bonaventuriana não é, no sentido próprio do termo, uma filosofia. Antes, é uma sabedoria teológica e mística.”

Quando o líder secular Willian de Santo Aurmour escreveu "Os perigos dos últimos tempos", Boaventura respondeu publicando "Preocupado com a pobreza de Cristo" um tratado da santa pobreza.
O Papa Alexandre IV denunciou Willian e ordenou o término dos ataques aos frades mendicantes. Assim a ordem dos mendicantes foi re-estabelecida em Paris, e São Boaventura e São Tomas de Aquino receberam em 1257 seus doutoramentos em teologia.
Naquele mesmo ano, quando tinha apenas 36 anos Boaventura foi eleito Ministro Geral dos Franciscanos. Nesta posição ele se defrontou com uma tarefa difícil, porque ele pensava que São Francisco de Assis havia estabelecido um ideal incomparável para a Ordem, mas a sua organização era fraca e desde a sua morte, um grande número de diferentes grupos tinham surgido.
No seu quartel general em Narbone, em 1260 São Boaventura desenvolveu um jogo de regras que se tornou a Constituição da Ordem, por isto é que ele é chamado de "o segundo fundador dos franciscanos".

Em aditamento aos seus trabalhos de teologia e filosofia Boaventura deixou tratados de ascéticos, alguns dos quais foram traduzidos para o inglês por ele próprio, inclusive a "Jornada das almas para Deus".
Entre os seus trabalhos estão: "Comentários das sentenças de São Pedro"(que cobre um amplo campo da teologia escolástica) Os trabalhos místicos de Breviloquium, o "Itinerarium mentis ad Deum", "De reductione artium theologium", a "Perfeição da Vida" (escrito para a Beata Isabel, irmã de São Luís IX e seu Convento das Clarissas Pobres) "Soliloquy", vários comentários bíblicos de sermões.
Fonte: http://www.cademeusanto.com.br/sao_boaventura.htm (26-Mar-2009)

OS DEZ MANDAMENTOS DO PÓS-MODERNO RADICAL







1. – Não adorar a razão. Enquanto a modernidade elevou, com Descartes que se fez paladino do método, da certeza e das ideias claras, a razão instrumental ou empírica a uma posição de domínio absoluto. O pós-modernismo olha com desencanto para um semelhante e arrogante racionalismo e prefere o “pensamento débil” de Vattimo, pela sua timidez na hora de enfrentar todas as afirmações da verdade. De igual modo, segundo o “desconstrucionismo” de Jacques Derrida, toda a realidade é como um texto aberto a uma miríade de interpretações conflituosas. No lugar do pressuposto moderno, segundo o qual são possíveis respostas objectivamente correctas, encontramos o “cárcere da linguagem”, onde o relativismo substitui qualquer mundo racionalmente ordenado; o sentido, se, porventura ainda existir, é criado por nós e é sempre flutuante. Também a ciência abandonou a procura de certezas verificáveis e tornou-se anti-representativa, indeterminada e hesitante.

2. – Não acreditar na história. Com Hegel a história tinha adquirido a supremacia sobre a “natureza”, tornando-se a categoria chave para compreender a existência. Por consequência, enquanto a modernidade tinha promovido uma orgulhosa confiança no facto de o homem ter tomado em suas mãos a direcção da história e a ter modelado de acordo com as suas próprias e várias finalidades e visões. O pós-modernismo fala de um “fim da história”, pondo em discussão todas estas grandiosas esperanças e preferindo viver sem grandes finalidades, contentando-se com a utilidade, a comunicabilidade e o imediato onde não existe qualquer passado ou futuro real. Quanto à história, como noutros campos, os modelos de determinação cedem o lugar ao acaso e à indeterminação.

3. – Não ter esperanças no progresso. A modernidade, embora desconfiando perante as realidades absolutas e as autoridades, confiou nas utopias do progresso, denominadas por Francis Bacon o regnum hominis, com as suas evolutivas esperanças de superar os males e criar situações de felicidade. O pós-modernismo nasceu em parte dos desastres deste século; abandonando tais esperanças, vistas como arrogantes e perigosas, para cultivar só o parcial e o fragmentário.

4. – Não contar meta-histórias. De um modo semelhante, a modernidade vive de várias histórias míticas do heroísmo humano, como a do roubo do fogo sagrado aos Deuses por Ptolomeu; mas o pós-modernismo rejeita os “meta-relatos” como logocêntricos”, isto é, como enganos criados pela inevitável necessidade humana de encontrar um sentido central para a existência e de exprimi-lo de uma qualquer forma narrativa. A fé cristã, na medida em que parece um exemplo de uma “meta-história”, é criticada pelo pós-modernismo e é julgada “totalizante”, por pretender abranger tudo e para tudo propor um sentido.

5. – Não se concentrar sobre o “eu”. Enquanto a modernidade deu vida, desde o Renascimento do Iluminismo, a um novo humanismo, a uma exaltação do homem qual centro do universo, sublinhando a identidade psicológica ou o indivíduo contido no eu como a medida de todas as coisas, o pós-modernismo propõe a morte do homem” no sentido de um radical cepticismo sobre as aproximações subjectivas e sobre a importância dada à personalidade e à auto-consciência na cultura ocidental. A noção cartesiana de um sujeito racional soberano, assemelha-se a uma infantil ilusão de omnipotência.

6. – Não te atormentes a respeito dos valores. Enquanto a filosofia moderna pôs em primeiro lugar, como no caso de Kant, questões relativas à moralidade e à liberdade, e enquanto a modernidade viva, tinha a propensão para a austeridade e para o puritano no seu estilo de vida, o pós-moderno cultiva o espírito de Dionísio e de Narciso: um hedonismo espontâneo avança paralelamente com expressões estéticas de autonomia. Nesta época privatizada do imediato e das imagens. A responsabilidade moral é vista, como uma ilusão herdada de uma época diferente. Em última análise, a vida não tem valor, os absolutos morais são ilusões e a liberdade é só um jogo. Não permanece qualquer ponto estável de referência.

7. – Não confiar nas instituições. Enquanto o longo processo da modernidade assiste à evolução do Estado democrático moderno e a um crescente papel da política na sociedade, o pós-moderno desconfia de todas as instituições e vê nelas, formas manipuladoras de opressão nas mãos dos poderosos. As tradições são só ideologias e formas de controlo; as Igrejas são inevitavelmente co-envolvidas como parte do passado ingénuo e autoritário.

8. – Não perder tempo a pensar em Deus. Na perspectiva religiosa, a modernidade fez gradualmente do ateísmo uma filosofia plausível; pela primeira vez na história do mundo a rejeição da fé pelos intelectuais, torna-se uma posição difusa entre as classes cultas. O pós-modernismo, mais do que rejeitar o ateísmo, pressupõe-no, pondo de parte a sua militância sobre a “morte de Deus”, preferindo simplesmente, não se interessar mais pelo problema da transcendência. A imanência torna-se sinónimo de bom senso e a necessidade da procura religiosa desaparece. Se alguém quer fazê-lo, pode falar do divino, mas no sentido de sentimentos transitórios de êxtase; atenção, no entanto, à ilusória noção de “presença”: tudo é ausência.

9. – Não viver só para produzir. A modernidade sociológica implicou uma organização urbanizada da vida, imposta pela revolução industrial. Contra a prioridade dada aos sistemas de eficácia económica, à exploração mecânica da população e da terra e à lógica dominante do hemisfério esquerdo do cérebro. O pós-modernismo protesta em nome da causalidade, do jogo estético e de uma série de libertações associadas ao hemisfério direito do cérebro. O trabalho é substituído pelas compras e pelo fascínio da moda.

10. – Não procurar a uniformidade. Na perspectiva cultural, a modernidade foi uma niveladora implacável, que impôs o uniforme estilo de vida ocidental, acreditou nos traços universais ou típicos do comportamento humano e permaneceu cega perante as tradições locais ou únicas. O pós-moderno redescobriu a “diferença” qual “valor chave” e compraz-se na evidente anarquia da diversidade cultural.

P. Michael Paul Gallagher

Ardentes de Amor


“Muitas vezes, nós estamos preocupados com a pergunta: “Como podemos ser testemunhas em nome de Jesus? O que é suposto dizer ou fazer para que as pessoas aceitem o amor que Deus lhes oferece?”
Estas perguntas são mais expressões do nosso receio do que do nosso amor. Jesus mostra-nos o caminho para sermos testemunhas. Ele estava tão cheio do amor de Deus, tão ligado com a vontade de Deus, tão ardente de zelo para com o Reino de Deus, que Ele não poderia fazer outra coisa senão testemunhar esse Amor. Onde quer que Ele passou e quem quer que Ele tenha conhecido, um Poder emanou d’Ele e curou todos os que o tocavam (Lc. 6, 19). Se queremos ser testemunhas como Jesus, nossa única preocupação deve ser a de sermos testemunhas vivas e comprometidas com o amor de Deus, como Jesus foi.”
(Henri Nouwen, Meditações Diárias)



Sobre estas duas leituras, podemos concluir que precisamos de reintegrar, perceber e aceitar as dificuldades, as feridas que nos causam aqueles que nos amam. Perceber que essas feridas são para eu crescer, para eu perceber como tenho de ser forte perante as dificuldades, sendo eu, dialogando e esclarecendo as minhas ideias e perceber as ideias dos que me rodeiam, para assim mudar os meus pontos fracos. Amando assim Cristo nos irmãos, ajudando-o a carregar a cruz e curando-lhe as feridas, acolhendo-o também nos momentos de alegria e de vitória, que eu faça festa com a alegria dos que me rodeiam.
Assim estou integrado na família e na sociedade, vivendo triste com os tristes, procurando curar-lhe as feridas e alegrando-me com os que se alegram. Esta é pois a maneira de evangelizar, de eu aceitar Cristo nos irmãos e em tudo o que me acontece, para que eu seja sempre mais alegre e feliz, porque, percebo e entendo a sua acção em mim e nos irmãos, nas circunstâncias, vivendo-as com amor, estou a ser instrumento de Cristo para o mundo, estou a ser um membro vivo do seu Corpo que é a Igreja.Bendito e louvado sejais Senhor.

Passar por cima das nossas feridas

Os humanos sofrem imenso. Muito, para não dizer a maior parte, do nosso sofrimento tem origem na relação com aqueles que nos amam. Estou constantemente ciente de que a minha agonia profunda provém, não dos terríveis eventos que leio nos jornais ou vejo na televisão, mas da relação com as pessoas com quem partilho a minha vida diária. São precisamente os homens e mulheres, que me amam e que estão muito perto de mim, os que me ferem.
À medida que ficamos mais velhos, geralmente vamos descobrindo que nem sempre fomos bem amados. Com frequência, os que nos amaram também nos usaram. Os que se interessaram por nós foram, por vezes, também invejosos. Os que nos deram muito, por vezes, exigiram também muito em troca. Os que nos protegeram quiseram também possuir-nos nos momentos críticos.
Habitualmente, sentimos a necessidade de esclarecer como e porque é que estamos feridos; e, com frequência, chegamos à alarmante descoberta de que o amor que recebemos não foi tão puro e simples como tínhamos julgado. É importante esclarecer estas coisas, especialmente quando nos sentimos paralisados por medos, preocupações e anseios obscuros que não compreendemos.
Mas compreender as nossas feridas não basta. Ao fim e ao cabo, temos que encontrar a liberdade para passar por cima das nossas feridas e a coragem para perdoar aos que nos feriram. O verdadeiro perigo está em ficarmos paralisados pela raiva e pelo ressentimento. Então começaremos a viver com o complexo do “ferido”, queixando-nos sempre de que a vida não é “justa”.
Jesus veio livrar-nos destas queixas auto-destrutivas. Diz Ele: “Põe de lado as tuas queixas, perdoa aos que te amaram mal, passa por cima da sensação que tens de seres rejeitado e ganha coragem para acreditar que não cairás no abismo do nada mas no abraço seguro de Deus cujo amor curará todas as tuas feridas.” (Henri Nouwen, in “Aqui e Agora”)